Marcia Tiburi e Rubens Casara no Sempre Um Papo
O Sempre Um Papo segue com a programação de 2021, ano de comemoração dos 35 anos do projeto, recebendo a escritora e filósofa Marcia Tiburi e o pesquisador e psicanalista Rubens Casara para o lançamento do livro “Um Fascista no Divã” (Editora Nós), obra que propõe uma reflexão sobre o risco do neofascismo no Brasil. Essa será mais uma edição do #SempreUmPapoEmCasa, com mediação de Afonso Borges. O encontro será no dia 23 de março, terça-feira, às 19h, com acesso gratuito e transmissão no Youtube, Instagram e Facebook do Sempre Um Papo.
O Sempre Um Papo é viabilizado com o patrocínio do Itaú, Rede Mater Dei e Usiminas, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do turismo.
“Um Fascista no Divã” (Editora Nós)
Com final forte e surpreendente, linguagem fácil e bem humorada, “Um Fascista no Divã” (Editora Nós) é uma de peça de teatro que conduz o leitor/espectador à reflexão sobre o caminho que o autoritarismo traçou no país. Na obra, um diálogo intenso em um consultório de psicanálise é construído por assuntos que giram em torno de autoritarismo, direitos humanos, filosofia, religião, opressão. O conhecimento da Psicanalista – com argumentos científicos, históricos e culturais – em contraponto à ignorância orgulhosa do paciente Fascista. Uma comédia de inspiração brechtiana que propõe ao espectador experimentar a transformação do riso despreocupado em reflexão sobre o crescimento do pensamento autoritário.
Uma psicanalista reconhecida recebe um paciente peculiar que se apresenta como um potencial candidato à presidência da república à beira de um ataque de nervos. Por sugestão dos publicitários que cuidam do marketing de sua campanha, o Fascista procura na psicanálise um espaço no qual possa falar livremente, sem prejudicar seu projeto político. De sujeito engraçado, um pouco exagerado, ao longo dos encontros com a Psicanalista, ele passa a demonstrar o quadro paranóico em que vive. “Escrevemos esse livro entre 2016 e 2017, analisando o processo do golpe e da ascensão do fascismo. Era óbvio o que estava acontecendo naquela época, mas, para muitos, infelizmente, o fascismo se tornou óbvio apenas hoje”, explica a filósofa Marcia Tiburi. “A peça começou a ser construída após uma conversa com José Celso Martinez Corrêa sobre o crescimento do pensamento autoritário no Brasil e a importância do teatro como um espaço de resistência ao neofascismo. Um fenômeno que já dava fortes sinais no Brasil em 2016”, complementa Rubens Casara. “O texto é um convite para pensar como a naturalização do absurdo pode custar caro”, acrescenta. Marcia Tiburi é enfática: “creio que se trata de uma peça que oferece um espelho sobre certos personagens que se tornaram fundamentais no processo de decadência do Brasil”.
Com trechos como: “(Fascista) Gosto de coisas simples. Decido sem precisar pensar muito. Tudo é fácil, quem gosta de complexidade é intelectual. (...)”; “(Psicanalista, para o público) Há um fascista potencial em cada um de nós. É um idiota que fala a linguagem que toca o que há de idiota em cada um de nós”; “(Psicanalista) Errar (...) é divinamente humano. Errar, alguns se recusam a acreditar, mas é um direito humano. (Fascista, sério) Direitos humanos? A senhora é comunista? Direitos humanos é coisa de bandido (...). Bandido bom é bandido morto”, a obra Um fascista no divã expõe diálogos/confrontos entre a irracionalidade e a razão, os preconceitos e o conhecimento, e desvela a personalidade autoritária, paranóica, muito comum em nossos dias.
A peça foi lida para o público por Paulo Betti e Zélia Duncan, no estúdio Midia Ninja, em 2018, no Rio de Janeiro. “Vivíamos já o bombardeio de ódio que resultou na eleição do mal. Estávamos todos muito pressionados, impressionados e um pouco amedrontados. Mas nada nos impediu, era uma necessidade física, bem maior do que qualquer receio”, escreveu Zélia Duncan na orelha do livro. “Vai ficar pra sempre em minha memória. Pensei em Plínio Marcos, Lauro César Muniz, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Vianinha e tantos outros (...). Vamos atuar até o fim para que não destruam o nosso Brasil”, completou Paulo Betti. “Um fascista no divã é um portal para a reflexão e se torna cada dia mais urgente, devido ao problema que ele coloca de maneira crítica e didática”, conclui Marcia Tiburi. “O livro foi escrito para ajudar na compreensão do caos autoritário em que nós estamos lançados”, finaliza Rubens Casara.
Marcia Tiburi é autora de ‘Quatro Passos sobre o Vazio’ (Nós, 2019). Escreveu vários ensaios, entre eles, ‘Como conversar com um fascista’ e ‘Como derrotar o Turbotecnomachonazifascimo’, além de seis romances, entre eles, ‘Era Meu Esse Rosto’ (2012), ‘Uma Fuga Perfeita é sem Volta’ (2016) e ‘Sob os Pés, Meu Corpo Inteiro’ (2018), todos indicados a vários prêmios. Atualmente, leciona na Universidade Paris 8, sendo bolsista do Programa Pause e do Artist Protection Fund.
Rubens Casara é pesquisador, jurista, psicanalista, professor universitário e juiz de direito no TJRJ. Com estudos de pós-doutoramento na Universidade Paris 10, é doutor em Direito e mestre em Ciências Penais. Membro do Corpo Freudiano, é também pesquisador associado ao GENA (Groupe d’études sur le néolibéralisme et les alternatives), vinculado ao Sophiapol da Universidade Paris 10.
#SempreUmPapoEmCasa com Marcia Tiburi e Rubens Casara
Dia 23 de março, terça-feira, às 19h
Local: Youtube, Facebook e Instagram do Sempre Um Papo
Informações: www.sempreumpapo.com.br
Informações para a imprensa:
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